O tempo passou mais depressa que eu pudesse conta-lo! É essa
a impressão fica na mente de cada estudante que veio para Piauí nessa última
semana e está participando do 34º Encontro Nacional dos Estudantes de
Comunicação Social – ENECOM. Até agora, foram 5 dias intensos de muitos
debates, oficinas, minicursos, atividades de incentivo à arte cultura e de socialização
e construção coletiva do conhecimento a cerca da educação e comunicação.
DIA 1
No primeiro dia do ENECOM (20), o Painel de Abertura apresentou, em perspectiva
mais ampla, uma análise da conjuntura social e da comunicação, delimitando a
compreensão de que os fenômenos comunicativos não estão isolados do conjunto
dos demais fenômenos sociais, pelo contrário, são parte deles. Nesse sentido, o
debate circulou a sociedade, formação do comunicador social, as relações de opressões e
o papel da ENECOS na construção de uma comunicação e de uma universidade verdadeiramente
democráticas.
DIA 2
No segundo dia do ENECOM o tema debatido foi UNIVERSIDADE: DO
QUE SE TRATA? O Painel partiu de uma contextualização do papel social da
universidade e as reforma na educação. O Professor Geraldo da Carvalho, Mestre
em Educação, apresentou os resultados de uma pesquisa realizada por ele que
sacramenta, com dados e justificativas, a consolidação de um processo de
privatização da educação, através das reformas aplicadas pelo governo federal.
Em seguida, o Professor Paulo Rezende, da Universidade
Federal de Pernambuco, abordou a cultura do “produtivismo” acadêmico imposta
nas universidades, que distancia cada vez mais o saber científico dos anseios
reais da população. Por fim, a Professora Maria Gorete Sousa, coordenadora da
Escola Nacional Florestan Fernandes – MA, esclareceu alguns pontos acerca
da concepção do modelo de ensino, métodos e conquistas históricas da educação popular,
apontado uma perspectiva diante do atual modelo de educação.
Da direita pra esquerda: Geraldo Carvalho, Maria Gorete e Paulo Rezende |
Na parte da tarde e noite, os debates continuaram com os
Minicursos e os Grupos de Estudo e Trabalho. A ideia de aliar a técnica ao
debate crítico é um objetivo que a ENECOS alimenta e difunde há muito tempo em
seus fóruns. Os minicursos, são mais que espaços de apreensão de técnicas
comunicacionais, são espaços de debates e compreensão da função social de cada elemento
abordado. Os Grupos de Estudo e Trabalho, que são os organismos vivos da Executiva,
debateram sobre a aplicação das campanhas, ações e atividades que os estudantes
de comunicação do Brasil devem desenvolver após o ENECOM.
DIA 3
A segunda-feira (22) foi o dia de trocar experiências,
socializar conhecimentos e contribuir, ainda que de modo muito reduzido, com os
grupos sociais e comunidades periféricas de Teresina. Nos núcleos de vivência,
os estudantes saíram da Universidade e foram conhecer, de perto, a realidade de
milhares de homens e mulheres que sofrem diariamente com as desigualdades sociais,
a falta de emprego, a más condições de moradia, saúde, transporte, educação
etc.
Associação Brasileira de Documentaristas |
Núcleo de Intervenção Urbana - Ruas de Teresina |
Ao todo, foram 14 núcleos de vivência espalhados por toda a
cidade, da zona leste à zona norte, da zona sul a zona rural. À noite, no
espaço de socialização das vivências, os estudantes apresentaram o que de mais
importante foi extraído desse espaço e quais relações podem ser estabelecidas
para ajudar essas pessoas, etc.
DIA 4
O quarto dia do ENECOM começou logo cedo trazendo, junto ao
sol escaldante de Teresina, um debate profundo a cerca da formação e, em consequência
disso, da profissão do comunicador social. O tema do painel, “Somos Todos
Comunicação Social”, é parte de uma ampla campanha, desenvolvida pela ENECOS,
que se coloca na defesa de um currículo que garanta uma formação mais crítica e
socialmente referenciada do comunicador.
Painel 2, "Somos Todos Comunicação Social" |
A professora e doutoranda, Cristina Charão, de Porto Alegre, apresentou
as perspectivas do ensino e as Novas Diretrizes das habilitações em comunicação
no Brasil. Para ela, a proposta das Novas Diretriz do Jornalismo, por exemplo, trás
como maior malefício a separação do Jornalismo da grande área da comunicação social,
tornando-o um curso específico, assim como foi feito com Cinema e como se
planeja fazer com Relações Públicas e Publicidade. Para ela, essa proposta se
baseia em um pensamento corporativista, que reduz a importância da interdisciplinaridade
e da construção de um conhecimento amplo da comunicação.
Cristina Charão, doutoranda pela Universidade Federal de Porto Alegre |
Essas propostas de reformulação das Diretrizes, para Romulo
Maia, vêm a serviço da potencialização da desvalorização profissional do
jornalista, da consolidação dos “fazedores” de textos em detrimento da exclusão
do jornalista crítico. Além disso, ele abordou a importância da integração dos
veículos universitários para uma formação ampla e com liberdade de
produção, possibilitando o surgimento de novos formatos, novas mídias e novos
modelos de comunicação.
Rômulo Maia, Jornalista e "coisador" do blog PiseiChão |
Em resposta a isso, a ENECOS articula nacionalmente os estudantes para dizer que esses projetos não nos representa. João Victor, Coordenador Nacional da ENECOS, apresentou o posicionamento política da executiva frente a isso a campanha que está prevista para ser desenvolvida no proximo semestre, a "Campanha Fiscali-se se estágio", cujo objetivo é desenvolver uma plataforma politica nacional pela melhoria da qualidade dos estágios em comunicação.
Toda essa discussão foi retomada à tarde, no espaço “Mostre o
seu que eu mostro o meu”, ou MOSQUEMOM. Esse espaço foi separado entre as quase
10 habilitações distintas em comunicação presentes no ENECOM e, a partir disso,
debatido as grades curriculares e quais as mudanças necessárias para
melhora-las.
Todas as noites foram enceradas com atividades culturais e artísticas, que potencializou e valorizou a cultura regional e as produções locias de arte e cultura.
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